Dentre as pessoas que investem na compra de ações na Bolsa de Valores, existem as que:
- Compram e vendem (ou vice-versa) com o objetivo de ter lucro com essa negociação, que pode demorar dias ou meses. Chamamos esses de swing traders ou position traders.
- Compram e ou continuam comprando ações, sempre aumentando ou mantendo sua posição (quantidade de ações). Chamamos esse tipo de operação de buy and hold.
Quem faz buy and hold pode ter dois objetivos:
- Participar da distribuição de lucros da empresa, independente do preço das ações;
- Participar do crescimento da empresa e do preço das ações ao longo dos anos ou décadas;
Isso aqui está absolutamente resumido, porque o objetivo não é falar dessas pessoas, mas sim da relação entre eles, que é a compra de ações. E então fazer uma correlação disso com o acidente de Chernobyl.
Pelo que sabemos, havia um erro na estrutura do reator nuclear, mas não era considerado grave, pois aparentemente esse erro só seria um problema em circunstâncias bem específicas, que teoricamente não aconteceriam caso os protocolos de segurança fossem seguidos. Porém, tais protocolos não foram seguidos e deu no que deu.
Mesmo que tecnicamente não tenha sido exatamente isso, vamos considerar que foi. Não somos físicos e isso é apenas uma analogia.
Temos então uma empresa que está funcionando normalmente, tem problemas internos até então desconhecidos ou ignorados pelos seus administradores. Para o público geral, uma “boa empresa”, uma estatal (alguns consideram isso como vantagem, outros não).
Vamos supor que essa empresa se tornará mista e terá ações negociadas na Bolsa. E assim como Petrobras, as pessoas comprarão as ações com os objetivos citados acima.
Madrugada. A catástrofe acontece. Mercado abre no dia seguinte com um gigantesco gap de baixa. Nem quem está no local da tragédia sabe ao certo o que está acontecendo, muito menos quem está do outro lado do país ou do mundo.

O que importa é:
Quem estava comprado com limite de perda definido, provavelmente teve sua ordem de venda “pulada”. Cabe a ele a decisão de vender as ações na primeira oportunidade que tiver e assumir um prejuízo maior do que o previsto ou manter sua posição, estipulando um novo limite de perda.
Ou seja, assumir imediatamente uma perda que é maior do que foi prevista ou topar uma perda ainda maior. Lembrando que, no dia seguinte, a mesma coisa (gap de baixa) pode acontecer. Se a pessoa não vender as ações e continuar estipulando novos limites de perda, caso o preço continue caindo, o que ela fará? Ficará estipulando novos limites de perda? Nesse caso, o limite de perda não existe, porque é sempre alterado.
Mas vamos nos atentar a algo importante. Isso tudo está se passando em um período de menos de 48h e ninguém sabe exatamente o que está acontecendo. A empresa continua sendo a mesma gigante do país, de economia mista, que gera bons dividendos etc.
Enquanto isso, as pessoas que compraram as ações para participar do seu crescimento ao longo dos anos (porque a empresa “é boa”), estão divididos em:
- Um grupo que vê essa queda de preços como uma oportunidade para comprar mais ações;
- Outro grupo que fica com receio de comprar mais naquele momento e vai esperar para ver o que acontece.
Até aqui temos pessoas que venderam as ações, que estão comprando mais ações e as que não estão fazendo nada (travaram).
E os preços das ações? Continuam caindo como se não houvesse amanhã. Preços tendem a subir com o otimismo e a cair com 20x a velocidade da alta, com o medo e pânico.
Sob um ponto de vista financeiro e de bem-estar geral dos investidores, o melhor que pode acontecer é os preços voltarem a subir. Já sob o ponto de vista educacional, o pior que pode acontecer é isso.
Não estamos dizendo que o melhor seria o prejuízo de todos. Mesmo porque estamos lidando ainda com a simulação de um cenário. Mas caso os preços voltem a subir, a pessoa que se manteve comprada, aprende que “o preço sempre volta, porque a empresa é boa”. E pode não ser dessa vez, mas um dia isso vai se repetir e o preço não vai voltar.
A crença e esperança do preço “voltar”

Pela própria lógica da crença do preço voltar, ela provavelmente vai aumentar sua posição, aí temos um suicídio financeiro.
Os preços não caíram porque algo de ruim aconteceu, mas porque quem tem muitas ações está vendendo muito, ou tudo. E não estamos falando de pessoas físicas que tem mil ou duas mil ações, estamos falando de players que tem milhões de ações.
Estamos em meio ao maior acidente nuclear da história e tem gente comprando ações de Chernobyl.
Isso não é real, é apenas um cenário desenhado para exemplificar o que já aconteceu, está acontecendo e vai continuar a acontecer com ações de várias empresas. Estamos usando Chernobyl como exemplo, para que não seja possível a caracterização desse texto como recomendação de qualquer tipo de decisão quanto a investimentos.
O objetivo desse texto é trazer, mais uma vez, algo que sempre falamos: “Qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento no mundo e no mercado. Atuar na Bolsa de Valores sem planejamento, e, principalmente, sem controle do risco é o mesmo que fazer uma roleta russa financeira”.
Pouquíssimos especialistas foram capazes de prever algumas das tragédias que já aconteceram e mesmo que algo seja previsto, você, pessoa física, que faz trading ou investe em ações, não terá acesso a essa informação em tempo hábil de tomar alguma decisão.
Você é responsável por tudo que é seu e pelas decisões que toma com seus investimentos. Lembre-se sempre disso.
Muito é falado sobre os riscos das operações day trade, mas pouco se diz sobre os riscos do swing trade, position trade, buy and hold etc. No day trade, você tem seu lucro ou prejuízo no dia. Já nesses outros tipos de operação, seu lucro ou prejuízo pode se estender por décadas ou ser definitivo.
Independe do tipo de operação ou produto, Bolsa de Valores envolve altíssimo risco e não é lugar para atitudes ou decisões amadoras. Caso queira aprender a atuar adequadamente na Bolsa, independente do tipo de operação a ser realizada (day trade, swing trade ou position trade), clique aqui e matricule-se em nosso Curso Completo, que tem duração de 10 meses, com conteúdo gravado, ao vivo, planilhas, apostilas e o mais importante, que é nosso auxílio e acompanhamento em todo processo.